segunda-feira, 2 de novembro de 2009

A HISTÓRIA DA CAMISA



Um homem vivia angustiado, triste, não sentia alegria em nada e muito
infeliz resolveu procurar um psiquiatra, médico da moda, para resolver o seu
problema. Depois de muitas sessões sem resultado o médico lhe recomendou uma
viajem de turismo, onde ele teria oportunidade de conhecer outras pessoas, outros
lugares, no ambiente descontraído e pudesse então se sentir melhor. O cliente
desanimado lhe disse:
— Doutor, eu acabo de chegar de uma viagem ao redor do mundo. Conheço
todos os países e continuo na mesma, não acho graça em nada!
Pensando um pouco, o médico lhe disse: - Tem um circo na cidade, onde o
palhaço é ótimo, arranca gargalhadas da platéia. Vá ao circo e você passará algumas
horas felizes.
O homem respondeu calmamente:
— Doutor, o palhaço do circo sou eu!
O psiquiatra tirou da gaveta um bloco de receitas e escreveu: “Procure e
traga-me a camisa de um homem feliz”.
O homem saiu pela cidade à procura da camisa. Primeiramente procurou no
melhor bairro da cidade, nas casas mais bonitas. Bateu na primeira casa. Foi atendido
pelo mordomo que lhe mandou entrar. Num momento vem descendo as escadas
um senhor de terno preto, cabisbaixo e ele foi logo perguntando:
— O senhor é feliz?
— Como, meu bom homem? Acabo de perder minha esposa, companheira
fiel de quase 40 anos!
O homem pediu licença e saiu. Bateu em outra casa, da mesma maneira foi
recebido e foi logo perguntando ao dono:
— O senhor é feliz?
— Feliz? Qual nada! Minha esposa e eu somos casados há vinte anos e não
temos filhos. Nossa vida caiu numa rotina sem objetivo e sem ideal.
— Chegou em outra casa onde tinha um belo jardim com crianças brincando,
com o pai saindo apressado com uma pasta na mão. Foi logo perguntando:
— O senhor é feliz?
— Como feliz, com tantos filhos com colégios caríssimos, nossa casa esta
hipotecada, não podemos nem mais pagar uma empregada. Estamos desesperados!
Andando pela rua, já quase desanimado, viu um casal se dirigindo a um
carro, com o motorista a espera. Gentilmente o marido beijou a esposa, abriu-lhe a
porta do carro e ficou acenando, vendo-a sair para as compras.
— O moço é muito feliz, não? perguntou-lhe o homem.
— Feliz? Eu? Qual nada! Entre minha esposa e eu, existe um abismo enorme!
Não nos entendemos mais. Acabou o amor, acabou tudo!
— Mas como? O senhor me pareceu tão carinhoso!
— Eu sou político... tenho que manter as aparências. O senhor entende “né”?
Já cansado de andar, o homem foi para o campo. Não demorou em encontrar
uma casinha de sapé, junto de uma pequena roça, algumas galinhas, cachorro...e
umas crianças brincando. Foi chegando. O dono da casa, sentado num “toco” de
árvore, fazia um cigarro de palha, olhando as crianças, a natureza...
— Vá chegando, patrão!
O homem da cidade foi logo perguntando: - O senhor é feliz?
O caboclo, calmamente, tirou o chapéu e olhando para o alto, respondeu:
— Muito feliz, graças a Deus!
— Mas como? Por quê?
— Este rancho é meu! Esta roça, eu quem fiz, com a graça de Deus e o meu
trabalho, ela alimenta a minha família o ano todo. Minhas crianças têm saúde, são
como raios de sol na nossa vida! Sinta o cheirinho do feijão que minha patroa tá
fazendo prá nóis. Que mais eu poderia querer? Sou muito feliz, sim senhor!
— Por favor, meu bom homem, empresta-me sua camisa; é receita médica!
— Gostaria muito de poder ajudá-lo, mas não posso. Eu não tenho camisa.
Ser feliz, é aceitar a própria vida.

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